«Liberté! Sauvons la liberté! La liberté sauvera le reste!» Victor Hugo.

17/12/2007

O humanitário com a guilhotina


O que um ser humano pode realmente fazer por outro? Pode doar seus próprios recursos, seu próprio tempo ou qualquer coisa que lhe sobre. Mas ele não pode doar a alguém habilidades que a natureza negou, nem doar seu próprio sustento sob pena de ele próprio se tornar um dependente. Se ele doa parte do que ganha, deve ganhá-lo primeiro. Certamente, ele tem direito a uma vida doméstica, se pode sustentar uma esposa e filhos. Deverá então reservar o suficiente para si e sua família, para continuar produzindo. Pessoa nenhuma, mesmo que seus ganhos sejam de dez milhões de dólares ao ano, pode cuidar de todas as necessidades no mundo. Porém, supondo que ela não tenha meios próprios, e ainda imagina que pode transformar “ajudar os outros” no principal propósito de sua vida e no seu modo normal de existência – o que é exatamente a doutrina central da crença humanitária – , como essa pessoa poderia atingir seus objetivos? Têm-se publicado listas dos Casos Mais Necessitados, certificadas por fundações leigas de caridade, que pagam ótimos salários a seus próprios funcionários. Os necessitados têm sido pesquisados, não confortados. Com as doações recebidas, os funcionários pagam a si mesmos em primeiro lugar. Essa situação é embaraçosa até para o imperturbável filantropo profissional. Mas como evitar a confissão? Se o filantropo tivesse o domínio dos meios do produtor, ao invés de pedir uma parte, poderia exigir o crédito pela produção, estando assim em posição de dar ordens ao produtor. Então, poderia culpar o produtor por não atender suas ordens de produzir mais.

# O humanitário com a guilhotina, por Isabel Paterson.