«Liberté! Sauvons la liberté! La liberté sauvera le reste!» Victor Hugo.

23/08/2007

Entrevista com Murray Rothbard (Excerto)

Pergunta: Alguns libertários recomendaram atividades pelo anti-voto durante a eleição de 1972. Você concorda com esta tática?

Murray Rothbard: Eu quero falar sobre isso. Esta é a posição anarquista clássica, sem dúvida. A posição anarquista clássica é que ninguém deveria votar, porque se você vota, está participando do aparato estatal. Ou se você votar, que escrevesse seu próprio nome (anulando, assim, o voto). Eu não vejo nada errado nesta tática se, por exemplo, houvesse um movimento de proporção nacional – se seis milhões de pessoas, vamos dizer, estivessem engajadas em não votar. Eu acho que seria de muita utilidade. Por outro lado, eu não acredito que votar seja o problema real. Eu não acho que seja imoral votar, em contraste com os defensores da abstenção nas eleições.

Lysander Spooner, o santo padroeiro do anarquismo individualista, atacava esta idéia de maneira muito eficiente. A coisa é, se você realmente acredita que ao votar você está dando sanção ao estado, então você enxerga que está adotando a posição do teorista democrata. Você estaria adotando a posição do inimigo democrático, por assim dizer, que diz que o estado é realmente voluntário porque as massas estão o apoiando ao participar das eleições. Em outras palavras, você está do outro lado da moeda, do lado que apóia a política da democracia – que o público está realmente por trás dele e que é tudo voluntário. E então, os defensores da abstenção estão dizendo a mesma coisa.

Eu não penso que isto seja verdade, porque como Spooner disse, as pessoas estão sendo colocadas numa posição de coerção. Elas estão cercadas por um sistema coercitivo; elas estão cercadas pelo estado. O estado, entretanto, permite que você tenha uma escolha limitada – não há dúvidas a respeito do fato de que a escolha é limitada. Uma vez que você está nesta situação coercitiva, não há razão para que você não devesse tentar usar a seu favor, se você acha que pode fazer alguma diferença a sua liberdade ou posses. Então, ao votar você não pode dizer que esta é uma escolha moral, uma escolha plenamente voluntária, por parte do público. Não é uma situação plenamente voluntária. É uma situação onde você está cercado pelo estado, o qual você não pode votar pela não existência. Por exemplo, nós não podemos votar pelo fim da Presidência – infelizmente, seria ótimo se pudéssemos – mas desde que não podemos, por que não fazer uso do voto se há uma diferença que seja entre duas pessoas. E é quase inevitável que haja alguma diferença, incidentalmente, porque praxeologicamente ou num sentido da lei natural, cada duas pessoas ou cada dois grupos de suas pessoas serão ligeiramente diferentes, no mínimo. Então, nesse caso, por que não fazer uso dele? Não vejo que seja imoral participar na eleição uma vez que você vá com dois olhos abertos – uma vez que você não pense que Nixon ou Muskie seja o último grande libertário desde Richard Cobden! – o que muitas pessoas dizem a si mesmas antes de sair para votar.

A segunda parte da minha resposta é que eu não penso acho que votar é realmente a questão. Eu não me importo se as pessoas votam ou não. Para mim, o ponto principal é quem você apóia. Quem você espera que vença a eleição? Você pode ser um não-votante e dizer “Não quero sancionar o estado” e não votar, mas na noite da eleição quem você espera que o resto dos eleitores, o resto dos otários lá fora que estão votando, quem você espera que eles elejam. E isto é importante, porque eu acho que há diferença. A presidência, infelizmente, é de extrema importância. Ela vai governar ou dirigir nossas vidas muito extensamente por quatro anos. Então, eu não vejo razão para que não endossemos, ou apoiemos, ou ataquemos um candidato mais que outro. Eu não acredito mesmo com a posição contra o voto neste sentido, porque o não-votante não está só dizendo que não devemos votar: ele também está dizendo que nós não devemos endossar ninguém. Por acaso Robert LeFevre, uma das vozes da abordagem contra o voto, por acaso ele não terá nenhum tipo de preferência no fundo do seu coração, a medida em que os votos são contados na noite de eleição? Ele comemorará ligeiramente ou lamentará mais com quem quer que vença? Eu não vejo como alguém poderia não ter uma preferência, porque isto nos afeta a todos nós.

» Via Social Tactics.

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